Bula-bula decidiu respirar outros ares. Para tal, escolheu a província nortenha do país Cabo Delgado, conhecida pelas lindas e paradisíacas praias. Bilhete pago e viagem marcada para às 08.00 horas da manhã com início do check-in às 06.00 horas. Está tão difícil acordar muito cedo por estes dias. Mas lá foi o aventureiro do Bula-bula. Já de check-in feito, o viajante embarcou como tantos outros em um voo que ia à Tanzânia com escala em Pemba. Às 08.04 horas, estávamos todos no avião, mas, vinte minutos depois, os passageiros foram convidados desembarcar porque fora detectada uma avaria.
Quando eram 10.00 horas, uma voz doce avisou: “passageiros para Pemba, por favor, vamos embarcar”. Lá fomos e ocupámos justamente os lugares indicados no canhoto do bilhete. Tudo a postos. Bula-bula respirou fundo para aguentar a descolagem que foi perfeita. Voámos. Mas, quarenta minutos depois, ouviu-se uma voz dizendo: “Senhores passageiros, queiram desculpar-nos, mas temos de voltar para Maputo a fim de resolver problemas técnicos no avião”. Em uníssino, ouviu-se a voz dos passageiros… “huuuumm”.Mas estava decidido e voltámos para Maputo. Desanimados, resmungões, proferíamos todos os impropérios de um vocabulário que nem Satanás conhece.
Uma hora depois, veio uma rapariga convidar-nos: “Passageiros para a Tanzânia e Pemba, são convidados a almoçar no SMS. As despesas serão custeadas pela companhia”. Lá fomos. Havia uma boa sopa, peixe, feijoada, refresco, água e espetadas de frango. Quando terminámos o almoço, fomos, finalmente, informados, à moda de fofoca, que iríamos viajar no avião que vinha de Lichinga. Dito e feito. Às 16.00 horas embarcámos. Coisa interessante é que, ao entrar no avião, os rostos brilhantes denotavam um desânimo e apenas um desejo: chegar ao destino.
Voámos. Chovia torrencialmente em Pemba. A pista estava cheia de água. A visibilidade era má. O piloto comunicou-nos: “estimados passageiros, pedimos desculpas, não vamos conseguir aterrar devido às condições climatéricas. Iremos aterrar em Nampula e fazer tempo até que as condições melhorem para voltarmos a Pemba”. E lá fomos nós.
Chegámos a Nampula. Exaustos e sem esperança, ouvindo comentários de sicrano e beltrano, de viajante assíduo, que transmitia as suas experiências. Tomámos café, refresco, uma cerveja naquele bar de Nampula que algumas vezes se esquece de dar o troco. Finalmente, às 21.00 horas, fomos chamados e seguimos viagem para Pemba. Portanto, a viagem Maputo-Pemba durou cerca de catorze horas. Foi a nossa odisseia no espaço… para nunca esquecer!