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Moçambique vai fazer chover amores em Portugal

Por Idnórcio Muchanga

O espectáculo teatral “Chovem Amores na Rua do Matador”, de Maria Clotilde Guirrugo e Victor Gonçalves, resultante do texto homónimo de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, será apresentado em 12 concelhos de Portugal de 2 a 30 de Julho próximo.

O espectáculo é uma co-produção da Fundação Fernando Leite Couto e da Universidade Eduardo Mondlane. Foi generosamente acolhido, aquando da sua estreia em Maputo, pelo público e pela imprensa especializada, tendo o “Savana” – semanário de referência em Moçambique – considerado a sua criação como “um novo paradigma para a produção teatral em Moçambique”; e “uma referência obrigatória na futura criação teatral moçambicana”.

No texto homónimo que originou a criação teatral, Mia Couto e José Eduardo Agualusa reflectem sobre o conflito entre um Moçambique periurbano, que hesita entre um lastro de tradições e práticas ancestrais cristalizadas nas mentalidades masculinas dominantes; e um país novo, de demografia galopante, prenhe de jovens que, a cada dia, se revêem menos nas estruturas culturais herdadas e nas práticas sociais que elas impõem.

O conflito entre Baltazar Fortuna e as suas mulheres – Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha – leva, inevitavelmente, à morte de um desequilíbrio social onde o lugar que cabe às mulheres e o dos homens é vigorosamente questionado e resolvido em cada opção, em cada atitude, em cada gesto do presente.

Os ecos da sua estreia não deixaram de suscitar curiosidade em Portugal e despertaram o desejo – em várias companhias de teatro e alguns municípios, de partilharem o espectáculo com os seus públicos. É, pois, graças ao apoio e à hospitalidade das companhias de teatro ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, do Teatro Baal, de Serpa, do Teatro das Beiras, da Covilhã, do Teatro das Caldas, das Caldas da Rainha, do Cendrev – Centro Dramático de Évora, da Escola da Noite, de Coimbra, que a presença em Portugal se tornou possível.

Igualmente essencial foi o interesse demonstrado pelos concelhos de Almada, Figueira da Foz, Loulé, Seixal, Setúbal e Viseu.

Além do espectáculo realizar-se-ão também, em diversos destes locais, conversas entre os públicos e os autores do texto, nomeadamente Mia Couto e José Eduardo Agualusa.

Sublinhe-se que a vontade de trazer Moçambique a Portugal, através do seu teatro, se estendeu também a várias empresas privadas, sem as quais tal viagem seria impossível. A Fundação e a UEM tornam público o seu agradecimento à VISABEIRA – que suportou os custos das viagens entre Maputo e Lisboa – e à Kinto – mobilidade, que nos cede o transporte interno em Portugal.

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