Depois de passar algumas horas acompanhando atentamente uma interacção entre o Chefe do Estado e os representantes da comunidade de moçambicanos residentes na República Unida da Tanzania, um encontro realizado no dia 8 de Dezembro do ano findo, e que teve – entre outros pontos – o terrorismo em Cabo Delgado em destaque, concretizei a parte que me cabia em forma de texto. Estava sentada no quarto do hotel, numa desconfortável e “barulhenta” cadeira de madeira, cumprindo literalmente uma corrida contra o tempo, respondendo à solicitação do SM – como amigavelmente o trato – um dos chefes da redacção do matutino Notícias.
Os meus dedos descarregavam nervosamente os conteúdos captados, assuntos melindrosos que exigiam um tratamento minucioso e condizente. Por volta das 23 horas, encerrei a desgastante jornada diária de trabalho, respirei de alívio e, com a máquina desligada, procurei por mim e revi- -me reflectida num dos espelhos espalhados pelo quarto de olhar cansado, rosto amassado… “acabada”. Esbocei um sorriso, comemorando o sucesso do trabalho, ao mesmo tempo que me desembaraçava do vestuário suado que exalava uma mistura de odores. Segundos depois, dirigi-me ao chuveiro e encontrei nos líquidos aromáticos a fonte para revitalização. Desliguei-me momentaneamente do que me movia na Tanzania, até ao minuto em que sons belicosos e assustadores passaram a ser audíveis e com uma intensidade crescente e preocupante. Naquele instante, relacionei involuntariamente aquele barulho com a temática do terrorismo. Por alguns segundos, considerei a possibilidade de se tratar de “O último banho” da minha vida, ideia dissipada a partir do momento que a minha memória me recordou que já era o dia da independência da Tanzania.
Com efeito, do outro lado da janela, exibia-se um espectáculo pirotécnico que abrilhantava os céus. Tranquila, recolhi- -me até ao amanhecer. Por volta das 7 horas, juntei-me aos outros colegas da imprensa e no “Noah” conduzido pelo amigo Joseph, um tanzaniano amante de música gospel, dirigimo-nos ao Uhuru Stadium, em Dar-es-Salaam, onde realizamos a cobertura das cerimónias centrais da efeméride. Leia mais…
Por Carol Banze
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