Há coisas que acontecem no nosso dia-a-dia que são inacreditáveis.
Não sãem da memória dos seus protagonistas, mesmo quando estes são de tenra idade. Essas coisas horripilentas, quando contadas, até parecem filmes de ficção, daqueles com estórias rocambolescas, só feitas em Hollywood. A estória que vos vou contar é uma daquelas que parece ficção, um romance escrito por um romancista de memória fértil, mas é tão verdadeira como dizer que Barros era apelido do meu pai, é meu apelido, é apelido dos meus filhos e é apelido dos meus netos. Tudo começou numa manhã calorenta de sol brilhante, um miúdo de Magude, o pequeno Bernardo Maongela, de nove anos, decidiu visitar os avós, para fugir ao calor que fazia e poder mergulhar na lagoa que existia perto da casa dos progenitores de sua mãe. A distância que separa a casa dos seus pais, Cardoso Chicualacuala e Glória Michafutene, da dos avós não é longa e o carreiro, embora de “cabras”, dava para circularem até carros.
No percurso aparece um carro de matrícula sul-africana, dos muitos existentes naquela zona do sul de Moçambique, conduzido por um moçambicano que certamente trabalha e vive nas terras do rand. Do interior da viatura saiu um homem franzino, do tipo dos filmes policiais franceses. Agarrou no pequeno Bernardo e, num âpice, tapou-lhe a boca para não se ouvirem os gritos, e com ajuda de um comparsa amarrou-lhe os braços e as pernas e atirou-o à bagageira, como se de um fardo de roupa ou de molho de lenha se tratasse.
Depois, “pernas para que te quero”, pôs-se em fuga e por caminhos que só ele conhece, consegue ludibriar a Polícia e a tudo e todos e chega à zona de Witerfild, arredores de Pretória, na África do Sul.
Ali, o pequeno menino deixou de ser Bernardo e passou a chamar-se Benet. O raptor entrega o menino a um senhor, provavelmente o intermidiário, e este, por sua vez, entrega-o a uma senhora. Leia mais…
Por António Barros