Antes de mais, vale a pena lembrar que Galaroz dos Galorozes é o prémio mais alto dos galarozes, que é atribuído ao galo pimpão que se evidencia no absoluto das categorias. Este ano, 2021, a distinção vai para um incontornável e inevitável réu das “Dívidas não Declaradas”. Diga-se, não foi tarefa fácil para o júri deliberar. Teve de recorrer a uma segunda volta para o desempate e chegou-se à conclusão de que este galo de facto pelejou e se destacou entre os galos a ponto de ter arrojado as penas no poleiro chamado Tribunal Judicial da Cidade de Maputo e que julga o caso famigerado.
Ele que cantou tanto de bico empinado que até outros galos perceberam que não tinham penas para enfrentá-lo numa peleja. António Carlos do Rosário chegou de peito cheio e aberto dando vivas e hossanas em directo para a televisão. Seu ar astuto mostrou que tinha muitas melodias para entoar e nem precisava de afinar o seu canto. Logo no seu primeiro dia a ser ouvido como réu, cacarejou, levantou a crista e deu bicadas a todo o mundo. Da sua asa, escapou a pena do líder super- -PCA das três capoeiras. Não sabemos se o fazia por pura diversão ou por querer reafirmar o seu poder de comandante da capoeira, a verdade é que vezes sem conta levantou a crista e deu bicadas a quem tentou minimizar o seu poder de líder. Assim sendo, na peleja mostrou que era o mais esclarecido, seu co-co-ri-cóóó era o mais audível possível. Hoje é conhecido como o galo que não poupa a ninguém para conseguir o seu milho. Quando o ninho ficou apertado, recorreu aos “martelanços”. Fruto de suas bicadas sem limites, mereceu um processo autónomo. É isto e mais alguma coisa que ditou que António Carlos do Rosário fosse eleito Galaroz dos Galarozes, com direito a todas as honras protocolares reservadas ao legítimo vencedor. Haja canto!