Há assuntos tão delicados que temos que ter muita cautela no seu trato, sob o risco de sermos rotulados de nomes feios e desabonatórios, possíveis e imaginários. Recordo-me que,
quando há coisa de alguns dias atrás o Presidente Jacob Gedleyihlekisa Zuma, (Msholozi), ou simplesmente “JZ”, da África do Sul criticou o hábito que alguns seus conterrâneos de Raça Negra demonstram, relativamente ao seu convívio com os animais chamados de estimação, dizendo, (com propriedade acrescentamos nós), que levar os animais para o Hospital com a mesma preocupação que fazemos com as pessoas, com destaque para os Cães e Gatos, é costume dos Brancos, algumas vozes discordantes do seu Povo, descompreenderam-no e como consequência disso, desgostaram do seu discurso, “vaiando-o” muitos deles em surdina. Mas é assim mesmo, quando alguém fala de “Raças Humanas”, provoca um mal-estar nas pessoas de sensibilidade elevada. Por exemplo, o simples facto de eu concordar em voz alta com o que o “JZ” disse sobre “Raças”, é suficiente para ter “cutucado” susceptibilidades, mesmo dentro da nossa sociedade. Mas, para sermos coerentes com o assunto de “Raças”, devíamos dizer “Pretos”, porque segundo ofalecido geógrafo/geomorfólogo Brasileiro Aroldo Edgard de Azevedo, a sociedade naquele Pais estratifica-se em “raças”, sendo:
- Preto, depois chamado negro, e actualmente afro-brasileiro, o escravo, dividido em várias raças: banto, banguela, congo e mina.
- Branco, o europeu imigrado para o Brasil.
- Negro da terra, o índio, dividido em várias nações.
- Mulato, oriundo do cruzamento do branco com o negro.
- Caboclo, oriundo do cruzamento do branco com o índio.
- Cafuz ou Cafuzo, oriundo do cruzamento do índio com o negro.
- Cabra: oriundo do cruzamento do mulato com o negro.
O facto é que, algumas pessoas preferem tapar o sol com uma peneira, como se diz por aí, ignorando a existência real desses grupos ou do seu difícil relacionamento entre si. Mas, isso é inútil,pois os raios passam pelos furos. Diz-se que as verdades doem, mas as mentiras doem mais ainda!Vem isto a propósito dos passos rápidos que damos em direcção à inevitável Globalização (versus Aculturação). Sobre a Globalização, há dias li o trabalho de Mestrado de um académico onde define este sistema como sendo: “um fenómeno social que ocorre em escala global e que consiste numa integração de carácter económico, social, cultural e politico entre diferentes Países”. Pessoalmente simpatizei-me mais com o resumo desse trabalho onde ele conclui com muita categoria que: “a Globalização é a fase mais avançada do Capitalismo”. Portanto, uma nova forma de colonização de alguns Povos por outros. Assim sendo e para nós Africanos (Moçambicanos incluídos), não tendo muito para oferecermos (!?), pouco mais nos resta senão rendermo-nos às exigências desse hediondo sistema: Aculturarmos os seus “superiores” valores. E como bem definiram alguns antropólogos,Aculturaçãoé um termocriado inicialmente para designar as mudanças que podem acontecer numa sociedadediante dasua fusão com elementos culturais externos, geralmente por meio de dominação política, militar e territorial.Digamos que é uma nova forma de Assimilação. E, na mesma, como sucedia no tempo colonial, abdicamosdos nossos costumes para absorvermos e sermos absorvidospela cultura dosoutros.É a partir dessa aculturação (assimilação), que dizemos “good bye” às nossas origens, aculturando-nos com maior sofreguidão, à dos nossos novos “patrões” imperialistas. Mas, não somos só nós Africanos que nos arrependemos de termos nascidos “Preto (a)s”. Grande parte das celebridades do mundo inteiro de Raça Negra, particularmente do gênero Feminino arrependeu-se de ter nascido assim. MichaelJackson, foi o expoente máximo desse complexo. Mas não é o único.Oprah Winfrey, Whitney Houston, Beyoncé Giselle Knowles, incluindo a primeira-dama do mundo actual a MichelleObamae as suas duas filhas, também se arrependeram de terem nascido com a pele da cor negra e de Carapinha. Daí esforçarem-se por remover tudo o que de negro fôr visível, particularmente a Carapinha, este nosso cabelo crespo echeiode problemas raciais. Aqui na nossa “Casa”, não há excepção. Muitas das nossas aspirantes ao estrelato, o primeiro obstáculo que removem é a Carapinha. Vêmos assim as nossas “menininhas” sonhadoras com as luzes da ribalta, a se queimar e se enfadar com tissagens, Mexa-mexas e Carapuças multicolores, unção de loções esbranquiçantes em todos os membros, superiores e inferiores, na face e em tudo o que possa identificar-lhes como da raça Negra, exibição de danças eróticas, quais Miss Gaga e Madona Ltda.. Mas para quê tudo isso!? As grandes e renomadas cantoras Africanas Zenzile Miriam Makeba,Cesária Évora,Angélique Kpasseloko Hinto Hounsinou Kango Manta Zogbin Kidjo, mais conhecida como Angélique Kidjo, e, aqui no nosso “Bairro”, temos as mais conscientes e mais serenas Divas da nossa musica ligeira:Zena Bakhar, Elvira Viegas, Elisa Domingas Salatiel Jamisse ou simplesmente MINGAS, Elsa Mangue, só para citar alguns nomes provaram ao mundo que para soltar as suas vozes melodiosas e arrastar multidões, não precisam nem mudar de cor ou raça, muito menos exibir as cores das suas roupas interiores. São o nosso orgulho comoAfricanos, pois não devemos esquecer que aÁfrica foi a origem ancestral de todos os humanos modernos, e a espécie Homo Sapiens migrou a partir daqui e substituiu o Homo Erectus alguns milhões de anos atrás. Isto equivale a dizer que 100% da população mundial tem um pézinho neste grande “Bairro” chamado AFRICA. Que tal mobilizarmos a nossa fabrica de cabelos “Darling” a intensificar o fabrico de Carapinha, será que não poderá ter saída? Mesmo se tiver o tamanho do cabelo inicial de MichaelJackson,de Jimi Hendrix ou de Lionel Richie? Que tal?