As chuvas intensas que caíram durante a semana deixaram um rasto de destruições em dois distritos da província de Inhambane, nomeadamente, Panda e Homoíne. Vias de acesso
destruídas, extensas áreas com culturas diversas perdidas, morte de gado bovino e suíno, árvores tombadas são alguns dos estragos provocados pelas enxurradas naqueles dois distritos, onde, algumas famílias, também ficaram sem abrigo.
A contabilização dos danos continua no terreno, mas sabe-se que os estragos foram enormes. Aliás, mais de oitocentas famílias, tinham abandonado as suas residências por estarem submersas nos povoados de Chindjinguir, distrito de Homoíne, e Inhassune, no vizinho Panda.
Na vila de Homoíne, o problema de erosão agravou, tendo inclusive afectado os tubos de canalização que distribuem água à população. Actualmente, são mais de três mil pessoas desprovidas de água potável naquela vila, na sequência da destruição da referida tubagem que garantia o fornecimento do precioso líquido.
O administrador de Homoíne, João Barreto, sublinhou que, se a chuva continuar a “incomodar”, mais estragos poderão surgir.
Acrescentou que, por causa da chuva, as obras de reabilitação da estrada que liga a vila sede a cidade da Maxixe estão paralisadas e noutras vias as crateras estão cada vez mais a aumentar.
Em Panda, o cenário é um pouco grave com a interrupção da circulação rodoviária nas estradas que ligam a vila sede com o vizinho distrito de Inharrime e com a localidade de Urene.
A administradora de Panda, Maria Celeste, disse que estão a ser envidados esforços no sentido de reabilitar os troços com cortes “mas como as precipitações continuam, este trabalho pode durar muito tempo” disse Maria Celeste.
Entretanto, equipas multi-sectoriais trabalham nos distritos susceptíveis a cheias no sentido de sensibilizar a população para abandonar as zonas de risco, ao mesmo tempo que estão a ser alocados meios para acções de salvamento.
As atenções estão mais viradas para Govuro, onde o INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades – montou o seu quartel general.
A Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), Delegação de Inhambane, despachou para aquele distrito localizado nas margens do rio Save, mais de cinquenta voluntários para a sensibilização da população por forma a retirar-se das zonas baixas para lugares seguros, já que o caudal daquele curso de água está a aumentar cada dia que passa.
As pessoas, sobretudo da vila de Nova Mambone, estão a ser retiradas para o centro de reassentamento de Mahave, local considerado seguro, onde aliás, foram acolhidas as vítimas das cheias do ano 2008.
Na retirada das pessoas, a prioridade vai para crianças, idosos e deficientes – pessoas essas que já se encontram no centro de Mahave até ao abrandamento da situação.
Os técnicos da CVM têm outra missão, de instruir a população para o reforço das medidas de higiene colectiva e individual de forma a evitar a eclosão de doenças diarreicas.
A Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) em Inhambane, tem disponíveis cem lonas para a construção de latrinas, igual número de kites de abrigo e duzentas redes mosquiteiras para responder a possíveis necessidades.
Já o INGC colou em Nova Mambone duas embarcações e algumas tendas gigantes e outros mantimentos.
Os apelos entretanto continuam no sentido de a população estar precavida acompanhando os avisos que estão a ser emitidos pela comunicação social e comités locais de gestão de risco de calamidades já reactivados em todos distritos de Inhambane.