- Professor e investigador Armindo Ngunga, em conversa com o domingo
Considera a imprensa escrita a mancha negra no que diz respeito ao uso das línguas moçambicanas na comunicação social. Entretanto, tamanho desassossego em torno do uso das línguas moçambicanas na comunicação social fê- -lo produzir, em 1991, um artigo publicado em duas edições do jornal “Notícias”, sobre um assunto que “na altura parecia uma miragem, um sonho”. Falamos de Armindo Ngunga, Professor e investigador na área de linguística, que entre fios e tecidos lança um repto ao domingo: “criem uma coluna com textos em línguas moçambicanas, para ver se divulgamos as nossas línguas”.
Professor, num país multilingue e multicultural, que desafios são impostos ao Estado para garantir que o cidadão tenha acesso à informação?
Olha, em primeiro lugar, a questão linguística coloca- -se como um bem, a nossa diversidade é um bem, é uma riqueza que nós precisamos de valorizar. O nosso país não é só território, é, sobretudo, esse conjunto de pessoas, de culturas, até divisões e de várias formas de olhar para o mundo e construir o mundo. Tudo isso junto é que faz Moçambique. Por causa disso, cada moçambicano tem de ter o seu espaço de manifestação,de marcar presença, através da sua língua, da sua cultura, da forma como olha para o mundo, através de tudo o que permitiu que o seu grupo étnico continuasse a existir; por causa da sua própria identidade, geralmente expressa através da cultura e da língua. Por isso é que todas as línguas usadas na comunicação social têm de ter o espaço merecido, a fim de que cada um apreenda o mundo, receba informação sobre o mundo à sua volta e além da sua volta, através do meio de comunicação que melhor domina, no caso a sua língua.
Lá chegámos. Entretanto, ao nível da educação, será que já se está a responder de forma satisfatória aos objectivos globais e individuais, tendo em conta que o Português é a língua oficial e boa parte da população não a domina? Leia mais…
TEXTO DE CAROL BANZE
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