A Argélia tem estado a enfrentar protestos desde Fevereiro do corrente ano (2019) liderados pelo movimento Hirak. Um movimento que no seu início reivindicava a queda do Presidente Abdelaziz Bouteflika e a reforma do regime, o que significava a remoção do poder de todos os actores que estiveram na gestão de Bouteflika. O primeiro objectivo foi alcançado com relativa facilidade, em Abril, Bouteflika renunciou ao cargo de Presidente da República Democrática Popular Argelina e foi substituído por um Governo interino com mandato de gerir o país até a eleição de um novo presidente.
De facto, o governo interino liderado por Abdelkader Bensalah não foi capaz de dar seguimento ao segundo ponto levantado pelos manifestantes, a reforma do regime, até porque ele também é parte do antigo regime. Contudo, deve-se realçar que sempre tentou marcar as eleições para a normalização da situação política. Na primeira tentativa Bensalah marcou as eleições para 4 de Julho, mas por causa dos protestos não foi possível realizá-las.
Finalmente, a 12 de Dezembro corrente tiveram lugar as eleições presidenciais contestadas pelo Hirak, por não ter havido reformas políticas e por todos os cinco candidatos serem uma continuação da administração Bouteflika. De facto, dos cinco candidatos presidências, dois, Ali Benflis e Abdelmadjid Tebboune, ocuparam a posição de Primeiro-ministro; Azzedddine Mihoubi foi ministro da Cultura; Abdelkader Bengrin foi ministro de Turismo e Abdelaziz Belaid foi líder do partido Movimento El Mostakbal, partido de Bouteflika. Como se vê, o segundo objectivo do Hirak, a reforma do regime, está muito longe de acontecer com esta elite bouteflikista a disputar entre si o pódio. Leia mais…
Por Paulo Mateus Wache*
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