Mais um “aliado” dos EUA, o Egipto, encontra-se na mira de sanções de Washington por ter decidido fazer negócio com os russos. Depois das ameaças à Ancara por causa da aquisição das anti-aéreas russas S400, agora as ameaças alastraram- -se ao Cairo, de onde vem a intenção de adquirir aviões de combate Su-35 russos. Numa carta enviada ao Egipto pelos secretários de Estado e da Defesa, Michael Pompeo e Mark Esper, os EUA avisam que se o Egipto insistir em fazer negócios com os russos arrisca-se a complicar futuras transacções na área da defesa. As pressões exercidas por Washington contra aliados seus que decidam comprar equipamento militar do Kremlin, ou de um outro adversário, podem ser enquadradas em duas dimensões: a estratégico-militar e a económica.
Tradicionalmente, as sanções não são direccionadas a Estados aliados mas sim a adversários no sistema internacional. Nessa dimensão de adversários podem ser enquadrados, de acordo com Economides e Wilson (2001: 143-5)1, três tipos de Estados que podem ser alvos de sanções. O primeiro tipo diz respeito a Estados considerados incómodos no sistema internacional. Com efeito, as sanções por vezes são impostas contra um Estado que não está a transgredir quaisquer normas de comportamento internacional e nem está a violar o direito internacional. Um exemplo a avançar aqui é o caso das sanções unilaterais dos EUA contra Cuba, sendo o pecado deste último o facto de ter adoptado um regime comunista, considerado por Washington como inaceitável.
O segundo tipo de Estados que podem ser alvos de sanções são aqueles que têm um aspecto particular da sua política doméstica que é considerado, por certos actores, de estar contra regras, normas e princípios básicos da sociedade internacional. Ou seja, o Estado aplica políticas que perigam, por exemplo, a manutenção de direitos humanos básicos dos seus próprios cidadãos. Aqui pode-se apresentar o exemplo das sanções impostas contra a África do Sul do regime do apartheid, por o seu governo ter instituído um sistema racista de discriminação, e segregação, da população negra do país. Leia mais…