Marta, nome que doravante identificará uma cidadã que privou com o jornal domingo, aprendeu juntamente com a sua família a conviver com o vazio deixado por um familiar, que encontrou no suicídio a única via para pôr termos às suas lamentações. O facto ocorreu há décadas e “atéhoje questiono porque é que o meu irmão mais velho, com apenas 40 anos de idade, que sempre se mostrou alegre, social e preocupado com todos nós, não conseguiu partilhar o que o apoquentava a ponto de pôr uma corda no pescoço. Foi um choque”.
As lembranças do fatídico dia remetem-na a um turbilhão de emoções. Lembra-se que no dia anterior ao sucedido, um sábado,“ele passou por minha casa para me recordar, a mim, e ao meu marido, da cerimónia familiar que teriam no dia seguinte. Não nos encontrando, deixou um papel escrito e assinou o seu nome”, conta.
Para a surpresa de Marta, no dia seguinte, o seu irmão não compareceu na dita cerimónia, contudo este facto não criou alarido. Mas na madrugada de segunda-feira a sua ausência alarmou a cunhada e a família.
“A minha cunhada foi à minha casa, para saber se ele não teria passado a noite connosco, porque não era habitual a sua ausência. Ali, instalou-se o pânico e iniciamos a busca. Encontramo-lo na manhã de segunda-feira enforcado no seu local de trabalho, narra.
O pânico instalou-se na família.“Depois daquele facto, procuramos saber da sua esposa se teria acontecido algo que não sabíamos. Mas ela disse não havia notado nada fora do habitual”, explica Marta.
As consequências foram mais devastadoras ainda, pois, angustiado com suicídio do filho o seu pai também perdeu a vida.“O meu pai ficou muito angustiado. Enfim, apercebemo-nos que o seu estado emocional não voltou a ser o mesmo. Três meses depois faleceu”.
Hoje, o consolo da viúva, a mãe de Marta, está nos netos. “A nossa mãe apegou-se muito aos filhos do falecido. Creio que foi a forma que encontrou para confortar da perda”, argumenta.
