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TRATAMENTO ANTI-RETROVIRAL: Gaza retém 82 por cento dos pacientes com HIV-SIDA

Por Idnórcio Muchanga

Gaza é a província com um historial de seroprevalência elevada no país. Dados do Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV e Sida em Moçambique (IMASIDA) de 2015 indicam uma prevalência de 24,4 por cento.

Entretanto, o trabalho coordenado entre a Direcção Provincial da Saúde e seus parceiros na luta contra esta pandemia está a trazer resultados encorajadores, sobretudo no que diz respeito à retenção e tratamento anti-retroviral nas unidades sanitárias.

Dados cumulativos de 2003 a 2018, das autoridades da saúde desta província, apontam para um total de 155.770 pacientes em tratamento anti-retroviral.

A Direcção Provincial da Saúde de Gaza conta com 82 por cento de taxa de retenção de pacientes com HIV e Sida nas unidades sanitárias. Esta conquista deve-se às diferentes estratégias implementadas em coordenação com os seus parceiros nesta área.

De acordo com a directora provincial da Saúde, Mulássua José Simango, a luta pela maior cobertura do tratamento anti-retroviral em adultos e crianças tem sido fundamental. “Temos trabalhado com uma organização denominada Grupos de Adesão Comunitária – GAC que permite que os nossos pacientes se organizem e, de forma coordenada, se dirijam à unidade sanitária para levantar os medicamentos”, explicou.

Em seguida, fez referência à estratégia de retenção denominada Dispensa Trimestral, um modelo usado para pacientes com carga viral estabilizada, em que um elemento do grupo se dirige à unidade sanitária e levanta o medicamento por todos os membros do grupo, correspondente a três meses.

Outra estratégia implementada com vista a controlar a situação de desistências é a criação de grupos de mentoras compostos por mulheres capacitadas pela Saúde, vivendo nas comunidades e que trabalham em coordenação com as unidades sanitárias. O papel delas é receber mulheres positivamente testadas em HIV pelas enfermeiras de saúde materno-infantil e posteriormente acompanhá-las prestando assistência de saúde e apoiando-as de acordo com as suas necessidades.

141 UNIDADES SANITÁRIAS COM  TARV

Neste momento, Gaza tem 146 unidades sanitárias, das quais 141 prestam cuidados e tratamento de pessoas HIV positivas, cobrindo, conforme referimos anteriormente, 82 por cento.

O diagnóstico precoce infantil constitui uma das alavancas no que diz respeito à capacidade de resposta do sector da Saúde, particularmente no caso das crianças ou bebés de mães vivendo com o vírus de HIV.

Neste âmbito, com o Programa de Diagnóstico Precoce levado a cabo pela Direcção Provincial da Saúde, em parceria com a Elizabeth Glaser, uma organização não-governamental virada para a eliminação do HIV pediátrico, as unidades sanitárias da província contam com novo equipamento de diagnóstico precoce do vírus em recém-nascidos, o que aumenta a capacidade de resposta neste grupo específico. Até ao momento, foram alocadas gradualmente em 10 distritos daquela província 17 máquinas.

Foram estes aparelhos que ajudaram Ercília Andrade Cossa, de 29 anos, a saber do estado serológico do filho recém-nascido, após o tratamento da prevenção da transmissão vertical (PTV).

Esta jovem mãe descobriu o seu estado serológico no ano passado, 2018. Ela recorreu à unidade sanitária por causa de dores de cabeça. Foi neste contexto que veio a saber do seu estado de saúde. Para além do seu filho de dois meses, Ercília conta com mais três. O seu marido está a trabalhar na África do Sul há mais de dois anos e já tem conhecimento do seu estado.

O outro caso é de Hortência Macondzo, de 22 anos. “O meu filho fez o teste com as novas máquinas e está em tratamento de prevenção de transmissão do vírus da imunodeficiência adquirida”, revelou.

Faz pouco tempo que a jovem descobriu que é seropositiva. “Soube quando abri a ficha pré-natal”, revelou. Tinha na altura quatro meses de gestação, quando recorreu ao Centro de Saúde de Chissano. Actualmente o seu filho tem um mês de idade.

Texto de LUÍSA JORGE
luísa.jorge @snoticicas.co.mz

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