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Ninguém é capaz de substituir Dhlakama na sua plenitude!

Por Idnórcio Muchanga

‒José Manteiga, porta-voz da Renamo, a propósito das declarações dos guerrilheiros desavindos

Procurámos José Manteigas, porta-voz da Renamo, porque estávamos preocupados com as declarações dos guerrilheiros que publicamente semana passada apareceram a dizer que estão excluídos da lista daqueles que devem beneficiar da reintegração social, depois de desmilitarizados e desmobilizados; falaram de intransparência da liderança do seu partido nesta matéria; ameaçaram de morte o seu presidente eleito em congresso realizado a 17 de Janeiro deste ano, com 65% dos votos expressos e, consequentemente, disseram que não entregariam as armas no quadro do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração. Depois de combinarmos que só falaríamos da situação interna daquele partido, a seguir vão as respostas às perguntas que levávamos:

Depois dos problemas de aparente desobediência ao líder que tiveram lugar na Beira, encabeçados pelo vosso deputado Sandura, hoje são guerrilheiros, digamos, no activo, porque são detentores de armas de fogo, que ameaçam não as entregar e, pior ainda, a integridade física do presidente da Renamo. O que se passa, afinal?

Começo por parafrasear o próprio presidente Ossufo Momade, que disse há dias que ninguém vai conseguir substituir Afonso Dhlakama, dado o seu carisma, a sua maneira de ser e estar e a relação que criou em vida com os seus subordinados, quer a nível político quer militar. Não se pode pretender que possamos vir a ter quem o substitua à sua semelhança. Não é possível!

O que está a acontecer é aquilo que ocorre em quase todas as organizações ou instituições. Quando entra uma nova liderança não são poucos os que não se sentem seguros, que têm dúvidas sobre o seu futuro. Então há estas encenações alimentadas por quem não quer o bem para a Renamo.

É o caso?

Olhe que para o caso da Beira, acabou chamando os quadros aparentemente desavindos à razão e estão aí connosco, a saberem que é preciso respeitar os órgãos do partido, o presidente, que tem até um dado limite um poder discricionário. É o mesmo que está a acontecer com os guerrilheiros de que fala, que encontraram num jornalismo doentio, que feriu os valores de equidistância, isenção, não privilegiou o contrário… quer dizer, a Renamo não foi tida nem achada antes da publicação daquelas notícias que, como diz, preocuparam o mundo, os moçambicanos, em primeiro lugar.

Mas a Renamo conhece aqueles guerrilheiros? São seus?

O cidadão que apareceu a falar, sim, conhecemo-lo, é o Major-General Nhongo, é, portanto, um combatente de longa data. Ele é o alargamento da situação criada depois da assinatura dos acordos da cessação das hostilidades de 5 de Setembro de 2014, dos guerrilheiros da Renamo que supostamente se entregaram, porque não acreditavam no presidente Dhlakama, que deixou a imagem de que o nosso saudoso presidente não tinha controlo sobre os seus homens. E isso convinha aos nossos adversários políticos.

Viemos a saber que aquilo não passava de uma encenação, de artifícios pouco honestos para fazer política e o país mergulhou naquela situação de crise pós-eleitoral que acabou com as tréguas que vieram confirmar que afinal o presidente Dhlakama tinha controlo da situação.

Por isso, a encenação do Major-General Nhongo não visa mais do que pôr em causa a legitimidade de um presidente que foi eleito com mais de 65% num congresso. Não há outro legítimo!

Mas ele saiu donde para proferir aquelas declarações?

Temos informações fidedignas de que ele neste momento se encontra a viver na cidade da Beira e que aquelas matas não são da Gorongosa. Consideramo-lo desertor da Renamo (ele e os outros na sua companhia). Terá sido manipulado por terceiros, com o objectivo de prejudicar a imagem do presidente Ossufo Momade.

Mas disse mais coisas: que há assassinatos nas matas, pretensamente a mando do presidente da Renamo.

Pura mentira!

Por outro lado, as populações de Zóbwè queixaram-se ao Chefe de Estado de guerrilheiros da Renamo que pululam pelas matas de Nkondedzi, bem assim em Báruè, em Manica…

Também não é verdade!

Quando ele desertou a Renamo sabia ou não?

Sabia.

Sabia que ele tinha armas ou não?

Não sei dizer, não estou em Gorongosa, não tenho os pormenores.

Sabendo que ele desertou na companhia dos seus colegas e sabendo ainda que têm armas, a Renamo queixou-se às autoridades visando a sua neutralização ou desactivação?

São situações que cabem agora às FDS, onde existem todos os serviços de inteligência e mais. É por isso que para nós cheira à manipulação.

Supondo que houvesse tal manipulação, não parece haver a conivência da Renamo que, sabendo que há desertores das suas fileiras, portadores de armas, não participou o acto às autoridades competentes, não obstante o seu comprometimento com a paz?

São contornos da vida militar que têm características próprias. Estas questões não são tratadas de ânimo leve.

O Presidente da República foi informado sobre a circulação de homens armados, supostamente da Renamo, em Nkondedzi, distrito de Moatize, em Tete, e, mais tarde, soubemos que também em Báruè, província de Manica. O senhor porta-voz, no dia seguinte, apareceu a dizer que era mentira, alegadamente porque eles tinham um comando eficaz, a partir da Gorongosa. A pergunta que se impõe é: porque é que naquela altura não pôs a hipótese de que provavelmente fossem os tais desertores? Leia mais…

Texto de Pedro Nacuo

nacuo49nacuo@gmail.com

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