As doenças de fórum mental ainda são marginalizadas e minimizadas no nosso país, não obstante o facto de não se poder falar em Saúde sem se fazer referência à Saúde Mental. Esta tese foi defendida por Custódia Mandlate, médica de Saúde Mental e consultora independente na área de Saúde, durante a XV Jornada Científica realizada semana finda em Maputo, pelo Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA), que tinha como lema "Doenças Crónicas Não Transmissíveis e Trauma em Moçambique-prioridade na Formação e Investigação do ISCISA".
Argumentando, Custódia Mandlate, que também é mentora do Programa de Saúde Mental, que conta com 25 anos de existência, recorreu à definição do que é saúde, tendo aclarado que é um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.“Daí que não há saúde sem saúde mental, porque as saúdes física, mental e social são interdependentes, devemos ter uma abordagem bio-psico-social”, argumentou a oradora.
Para ela, a área de saúde mental deve desenvolver acções de prevenção; tratamento, para além da reabilitação do paciente e a sua reinserção social. Conforme defendeu, muitos pacientes, sobretudo os que possuem doenças crónicas, devem ter um acompanhamento em matéria de saúde mental, dado que podem desenvolver também doenças como a depressão e o estresse.
Entretanto, enalteceu algumas medidas que já estão em curso com relação à descentralização dos cuidados de saúde mental e a sua integração nos cuidados de saúde geral. Destaque-se que este sector da Saúde conta com 305 psiquiatras, 130 psicólogos, 14 terapeutas ocupacionais e 16 psiquiatras nacionais, de acordo com dados avançados em 2018 e divulgados por Mandlate, que, entretanto, acrescentou que “Moçambique adoptou desde o início do Programa de Saúde Mental a filosofia de descentralização e expansão dos cuidados de saúde mental. Isso reflectiu-se na formação de psicólogos, psiquiatras, técnicos de psiquiatria e terapeutas ocupacionais. Hoje temos em todo o país expandida a cobertura dos serviços de saúde mental”, referiu.
Texto de Luísa Jorge