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Quero voltar à escola…

Por Idnórcio Muchanga

Aurélio Joaquim Timbe, 15 anos de idade, é uma dentre as várias crianças que chegaram à cidade de Maputo em busca de oportunidade de emprego. Quem o vê de longe não imagina que é um dos que limpam vidros pára-brisa de carros para ganhar a vida. No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Criança, 1 de Junho, domingo foi ao seu encontro para ouvir a sua história.

Trata-se de um menino de passos delicados; a jornada de Aurélio inicia às 6.00 horas, quando acorda e preparar-se para ir ao “serviço”.

Como mandam as regras impostas pelo “patrão”, tem de começar a trabalhar às 8.00 horas e sem atrasos. Só volta para casa às 19.00 horas. Esta é a sua rotina diária.

Natural da localidade de Bungane, distrito de Chongoene, província de Gaza, Aurélio começou a enfrentar problemas quando o seu pai, Joaquim Timane, faleceu no ano passado. Ao que contou, a sua mãe, Laura Macamo, é desempregada e, por via disso, começou a faltar comida em casa. Mas o mais grave foi quando não teve dinheiro para se matricular na 8.ª classe.

Tem dois irmãos mais novos, Maria, de 11 anos, e Jorge, de 8. Deu um basta nos problemas básicos ao decidir assumir a posição do homem da família. Em Março saiu de Gaza rumo a Maputo, sua terra prometida.

A ideia partiu do seu vizinho, que o incentivou a buscar oportunidades de emprego. Mal chegou, não passou dificuldades, afinal de contas, o tal vizinho lhe reservava casa para morar e espaço no mercado de trabalho.

É para este jovem, que diz ter 22 anos, que Aurélio trabalha no entroncamento entre as Avenidas Joaquim Chissano e Acordos de Lusaka, limpando vidros pára-brisa. Em média, por dia, consegue 350 Meticais, que canaliza ao patrão.

Por mês recebe 1500 Meticais. Ao domingo contou que envia à mãe 1000 MT e o resto usa para comprar roupas. O material de trabalho –uma garrafa cheia de água com sabão e um limpa-vidros –é adquirido pelo empregador, cabendo aos menores apenas fazer o trabalho.

Aliás, diz que não tem de contribuir no rancho mensal onde reside, que tudo fica na responsabilidade do seu vizinho, que é também seu chefe. É este mesmo patrão que disponibiliza até os cobertores para o menor quando faz frio.

Texto de Pretilério Matsinhe
pretilerio.matsinhe@snoticicas.co.mz

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