O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que a lista dos homens armados da Renamo entregue ao Governo é composta por pessoas que estão na condição de reserva, não havendo por isso “condições morais” para a sua integração nas fileiras da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Falando ontem na 14.ª cerimónia de graduação de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), realizada na Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), o Chefe de Estado disse que o Governo recebeu a lista de homens da Renamo para a sua integração nas fileiras da corporação, como núcleo inicial.
Segundo destacou, o Governo não pode incluir nas fileiras da PRM homens que se encontram na reserva, outros na reforma ou desmobilizados, em detrimento daqueles (jovens) que ainda estão sob jugo da Renamo, e que foram visados nas discussões com o falecido líder Afonso Dhlakama.
Ademais, segundo Filipe Nyusi, a lista entregue ao Governo integra também pessoas que no passado estiveram nas fileiras das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), donde, aliás, passaram para a reserva, com direito a subsídios de integração, além de estarem a auferir salários ou pensões, como os colegas oriundos do exército regular.
Para o Presidente da República, integrar estes elementos nas fileiras significaria incorporar homens como o Tenente-General Mateus Ngonhamo, Major-General Hermínio Morais, que pertenceram às unidades das FADM, assim como os inspectores-gerais Pascoal Ronda ou Miguel dos Santos que lideraram as unidades policiais no passado.
“Vamos dar oportunidade aos jovens para dar a sua contribuição para a defesa de Moçambique”, disse Nyusi.
O Governo continua empenhado e, através do grupo de contacto, a apelar para que haja seriedade neste processo de desarmamento, desmobilização e reintegração.
Nyusi pediu para que quem não participa do diálogo se abstenha de comentar matéria que não esteja no seu domínio para não confundir os moçambicanos, incluindo os próprios guerrilheiros da Renamo.
Destacou que “todos somos levados a reflectir” sobre as questões de segurança, de que “cada um de nós necessita” para viver de forma tranquila e dar a sua contribuição para o desenvolvimento nacional.
“Só com este sentimento de pertença, segurança e protecção é possível o Homem trabalhar, estudar e produzir. Só com protecção os estados podem se desenvolver”, frisou.
Entretanto, ao falar da ACIPOL como instituição do ensino superior policial, Filipe Nyusi disse que a sua criação através do Decreto número 24/99, de 18 de Maio, foi uma missão acertada que colocou ao serviço do Estado moçambicano centenas e centenas de oficiais.
“A criação da ACIPOL e a sua integração no Sistema Nacional de Educação testemunhou o valor e a importância que o Estado moçambicano atribui à formação do polícia e a reconhecida necessidade de que a sociedade precisa de forças policiais preparadas, capacitadas e modernas para exercerem as suas funções com fundamentos científicos”, enalteceu.
Na cerimónia que marcou a celebração dos 20 anos da criação da ACIPOL, participaram o Governador da província de Maputo, Raimundo Diomba, os comandantes gerais da República de Angola, da Namíbia, Ruanda, São Tomé e Príncipe, o comandante interino de eSwatine, os vice-comandantes gerais da Zâmbia e Zimbabwe, entre outros dignitários.
Texto de Benjamim Wilson
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