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Capacidade de produção dispensa cimento importado

Por Idnórcio Muchanga

Em entrevista a este jornal, o director geral da Cimentos de Moçambique, Edney Vieira,considera que a actual capacidade de produção de cimento no país dispensa a importação, exceptuando casos para responder a obras específicas.

Moçambique tem condições para produzir 4,7 milhões de toneladas de cimento, contra uma procura que varia entre 2,2 e 2,3 milhões, o que significa que cerca de metade desta aptidão está ociosa.

Os números mostram que o país não precisa de cimento importado, porque a produção nacional garante a auto-suficiência”, diz o gestor da maior cimenteira do país, elogiando a adopção da sobretaxa na entrada deste material no país, porque protege a indústria nacional.

Que quantidade a indústria cimenteira coloca no mercado?

Acapacidade instalada no país gira em torno de 4, 7 milhões de toneladas por ano. O mercado consumidor, ou seja, a demanda está na casa de 2,2 a 2,3 milhões de toneladas/ano. Estamos a falar de uma capacidade ociosa de todo o sector cimenteiro na ordem de mais ou menos 50 por cento.

O mercado que sofre mais é o da zona Sul, porque é onde temos a maior capacidade instalada.

O Centro, após o ciclone IDAI, está a reconfigurar-se, e boa notícia é que todas as fábricas de cimento da região voltaram à actividade normal.

No Norte a demanda está mais aquecida, por força dos projectos do gás, apesar de estarem neste momento parados. Mas a Anadarko está a retomar as actividades.

Há inquietação em relação ao preço praticado pelo retalhista.

O nosso preço está estável por algumas razões. Uma delas é que entendemos, por exemplo, que a região Centro tinha problemas de alta competitividade, então não havia nenhum espaço para ajustar o preço. Com a vinda do IDAI a situação piorou.

Houve um pequeno ajuste no começo do ano, mas tendo em conta a média dos preços nacionais acaba sendo um movimento inerte. O que pode haver, não estou a dizer que há, porque eu sou produtor e respondo pelo preço à porta da minha fábrica, é que o transporte do cimento tem custos.

Se traçarmos pequenos anéis ao redor do centro produtivo, e se formos alargando esses anéis em distância, veremos que quanto mais longe o cimento vai, mais caro ele fica.

Tem algum mecanismo de controlo da margem de lucro dos distribuidores autorizados?

Um mercado de dois milhões e duzentos mil, com mais de quatro operadores, é muito pequeno. Fazendo uma conta reversa, consigo ver mais ou menos quanto cada um está colocando demais. Não tenho como controlar o preço da ponta, porque não posso interferir na cadeia. Se eu começar a mexer muito nisso, vou manipular o mercado, que não é nossa prática, porque esta empresa é muito séria em complains. Tenho regras internacionais por obedecer e sigo-as à risca.

Considera que a indústria cimenteira está devidamente protegida?

O Governo entendeu a situação da indústria do cimento no país e aprovou uma sobretaxa de importação de 20% que está em vigor.

O cimento importado já não entra aqui de forma abundante. O único cimento que, eventualmente, entra, vem da África do Sul para obras específicas.

Existe algum que vem da China ou Paquistão, mas não é muito. De forma que o mercado está equilibrado.

… pelo que não há necessidade de importação.

Os números dizem que não. Acho que o importante é pensar que Moçambique precisa de emprego. Digo isto pensando de forma similar num país como o meu, o Brasil, que precisa de gerar emprego urgentemente. E tenho a convicção de que o sector de construção é que gera emprego rápido e em maior escala.

Moçambique vem de uma crise económica, mas há sinais e até expectativas de que vai crescer mais este ano. Quando um país cresce, o cimento é dos vectores iniciais que geram e participam desse crescimento. A indústria  nacional de cimento está preparada para responder a este crescimento. Precisamos que todos estejamos alinhados no pensamento de que há necessidade de estimular o consumo do cimento nacional. É a criação de um ciclo virtuoso que realimenta a própria economia. É valor gerado e reaplicado para benefício dos moçambicanos.

Como é que isso se faz isso?

Texto de António Mondlhane

antónio.mondlhane@snoticicas.co.mz

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