Quando se pensa no trabalhador, olha-se exclusivamente para quem é remunerado, tem horário definido, férias, entre outros benefícios. Entretanto, há um segmento anónimo de gente cujo quotidiano é feito de tarefas domésticas que a obriga, quase sempre, a levantar cedo e deitar tarde, sem espaço para greves ou desculpas.
Sem direito à remuneração, férias, entre outras mordomias que, por exemplo, um empregado doméstico teria, as donas de casa raramente são reconhecidas como trabalhadoras, até pelos seus parceiros e filhos.
Entretanto, as mesmas actividades, quando entregues ao cuidado de empregados domésticos, merecem remuneração e direito à sindicalização, entre outros.
À laia do Dia Internacional do Trabalhador (1.º de Maio), que se assinalou na passada quarta-feira, domingo procurou mulheres que, não tendo emprego formal ou informal, ocupam o dia-a-dia com tarefas domésticas cuja carga horária é de longe superior à de qualquer trabalhador comum.
Um estudo recente feito no Brasil mostra que uma mulher com emprego despende mais seis horas nas actividades domésticas do que um homem também empregado.
O mesmo estudo concluiu que, de uma forma geral, as mulheres ocupam-se durante mais de 21 horas semanais com tarefas domésticas enquanto os homens levam apenas a metade desse tempo em trabalhos como lavar a loiça, varrer a casa, arrumar móveis, lavar e passar a roupa, cuidar das crianças, entre outros.
Apesar de a pesquisa que temos vindo a citar ter sido feita no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bate com a realidade moçambicana, onde se observa que cozinhar é a tarefa que ocupa mais de 95 por cento das mulheres.