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Mali: apesar dos protestos Keita sobrevive às custas de Soumeylou Maïga

Por Idnórcio Muchanga

Bamako enfrenta protestos populares antigovernamentais desde 5 de Abril de 2019. O móbil dos protestos é o massacre, a 23 de Março, de cento e sessenta (160) membros do grupo étnico Fulani (Muçulumano) pela milícia dos “caçadores Dogon’’. Apesar da medida drástica e inoportuna, do Presidente Ibrahim Boubacar Keita, de dissolver a milícia, a etnia Fulani exige medidas tangíveis para o fim da violência.

Os protestos têm sido convocados por líderes religiosos muçulmanos, organizações representativas da comunidade de pastores Fulani, partidos da oposição e grupos da sociedade civil. A mobilização tem-se intensificado sob o slogan Ibrahim Boubacar Keita fora. Este pedido de afastamento do Presidente da República fê-lo recorrer à estratégia da demissão do Primeiro-ministro e todos os outros membros do governo. O último governo vítima desta estratégia, que visa apaziguar a fúria popular, foi o de Soumeylou Boubèye Maïga, Primeiro-ministro do Mali até dia 18 de Abril (quinta-feira) quando anunciou a sua renúncia. Uma renúncia forçada pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keita para salvar o seu posto.

Antes da demissão de Soumeylou Boubèye Maïga e seu governo, quatro outros primeiros-ministros e governos tinham sido demitidos pelo Presidente Keita entre 2013 e 2017, nomeadamente Oumar Tatam Ly, Moussa Mara, Modibo Keita e Abdoulaye Idrissa Maiga, para amainar as crises intermitentes que assolam o Mali, desde que eclodiu a rebelião Tuareg, em 2012. Até aqui a estratégia de Keita tem funcionado, aliás em 2018 conseguiu ser reeleito para o segundo mandato com 67%, o que confirma que o afastamento dos primeiros-ministros tem sido um antídoto eficaz para Keita ilibar-se da culpa da instabilidade e insegurança que o país vive.

Por Paulo Mateus Wache*
PWache2000@yahoo.com.br

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