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Guerra na Líbia: Khalifa Haftar devia vencer, mas…!

Por Idnórcio Muchanga

Desde a morte do Coronel Muammar al-Gaddafi, a 20 de Outubro de 2011, a Líbia tornou-se um território infestado por grupos armados de caris étnico e religioso. Contudo, dois líderes destacam-se neste contexto de “guerra sem quartel”. Por um lado, encontra-se Fayez al-Serraj, que desde 2016 é supostamente, para os ocidentais, incluindo as Nações Unidas, o Primeiro-ministro do Governo de Acordo Nacional da Líbia, sediado em Tripoli.

Por outro, encontra-se o Marechal Khalifa Haftar, que desde 2014 tem estado a lutar, segundo ele, pela restauração da unidade nacional e por essa razão tem estado a combater contra o parlamento, sediado em Tripoli, que legitimou al-Serraj. Haftar tem o apoio da Rússia, do Egipto e da Arábia Saudita. Para além de al-Serraj e Haftarhá uma miríade de milícias à deriva que comumente são designadas por estado islâmico.

A disputa entre Al-Serraj e Haftar tomou novos contornos a partir do dia 4 de Abril de 2019 quando Haftar ordenou as suas forças Exército Nacional Líbio – para avançar sobre Tripoli a fim de libertar aquele território, segundo ele, do terrorismo. Desde essa ordem, Tripoli encontra-se sob fogo cruzado. A ordem de Haftar aconteceu dez dias antes da cimeira (a cimeira devia ter lugar no dia 14 de Abril) que iria discutir a pacificação do país, procurando unir as duas partes e organizar eleições, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, estava a visitar Tripoli, em preparação da Cimeira.

A intensificação das investidas de Haftar sobre Tripoli pode ter várias explicações, mas duas parecem ser mais salientes, retaliação contra o Ocidente e a fraqueza do seu oponente. Em relação à retaliação, importa realçar que Haftar é um militar de carreira, tendo participado no Golpe de Estado de 1969 com Gaddafi. Por muito tempo foi leal a Gaddafi até se desentenderem e se exilar nos EUA onde colaborou com a CIA para eliminar Gaddafi. Regressou à Líbia para combater contra Gaddafi, mas com a morte deste o Ocidente não o reconheceu como o legítimo governante do país. O Ocidente orquestrou um governo liderado por Al-Serraj, uma figura quase desconhecida e talvez, por isso mesmo, mais fácil de manipulá-la na exploração do petróleo líbio pelo Ocidente. Ora, esse não reconhecimento tem avivado o ódio de Haftar pelo Ocidente. Por aqui se explica a sua aliança com a Rússia.

Por Paulo Mateus Wache*

PWache2000@yahoo.com.br

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