Ainda não foi inaugurado o aterro sanitário de Matlhemele, na província de Maputo, mas metade da sua área está literalmente ocupada. Estamos a falar de 50 hectares invadidos pela população que está a erguer habitações a torto e a direito.
A guerra está instalada. A Polícia da República de Moçambique (PRM) aquartelou-se no local.
João Mucavele, director dos Serviços de Salubridade e Cemitérios, disse ao domingo que pelo menos 59 habitações foram ontem destruídas num esforço que visa a recuperação da área invadida.
Confirmou que as destruições são feitas com forte presença policial, pois moradores da lixeira têm resistido bastante, enfrentando as autoridades.
Tudo isto acontece porque iniciou a construção da vedação do aterro sanitário que poderá servir de alternativa à lixeira de Hulene, na cidade de Maputo.
A população sublinha que o município invadiu as suas áreas, contudo este fala do contrário.
Cândida Zunguze, que vive na área em disputa, não parece ter dúvidas. “Esse terreno era nosso. Eles é que estão a usurpar este espaço”.
Afirmou que os agentes da PRM às vezes andam aos tiros para dispersar a multidão. “Eles estão a nos mandar embora daqui. Dizem para irmos para Golhoza”, apontou.
Ressalvou que a onda de destruições surgiu sem pré-aviso e os trabalhos, às vezes, são feitos à calada da noite.
“Destruíram a minha casa de banho, mas, mesmo assim, recuso-me a sair. Vivo aqui há cinco anos”, frisou.
Referiu que a presença policial tem-se manifestado com lançamento de granadas de gás lacrimogénio.
domingo apurou, no local, a existência de um acampamento policial que acompanha a evolução das obras de vedação do muro de aterro