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ASSOMBRAÇÕES: DESPREZO À PESSOA IDOSA OU O DILEMA DA 3ª. IDADE

Por Idnórcio Muchanga

“Não repreenda um homem mais velho, mas sim o aconselhe como se fosse seu pai” Timóteo 5:1

Toda a pessoa, a partir do seu nascimento, sonha. Os bebés sonham se calhar brincando com os anjos. Os jovens almejam ser adultos a fim de ser e ter isto e mais aquilo. Enfim, cada faixa etária tem os seus sonhos. Só que, chegados à idade adulta, o sono acaba e por via disso os sonhos também acabam e o único que nos persegue noite e dia é o de a qualquer momento termos um encontro indesejável mas inevitável com a nossa implacável irmã gémea: a Mana MORTE. 

A minha amarga experiência de ter passado por todas essas faixas etárias, o quotidiano moçambicano, indica tristemente que, para a nossa sociedade, em geral, e, em particular, para alguns agentes de instituições do sector público, a pior faixa etária, os piores desgraçados, a pior escumalha, a mais chata franja da sociedade, a mais baixa, sem valor, sem educação, sem cultura ou formação, a mais desprezível, a que provoca mais dores de cabeça a esses agentes desses sectores, é a constituída por homens e mulheres da chama “Terceira Idade”. A pessoa idosa. (Velhos e velhas). Particularmente os chamados erroneamente reformado(a)s. É uma classe formada maioritariamente por gente caracterizada por ter muitas dificuldades de vária ordem, devido à sua idade avançada, como seja, dificuldades de locomoção, de audição, de visão, etecétera. Interpretando à letra o significado do termo “reformado”, no Dicionário Informal, designa-se teoricamente à pessoa que se desvinculou de uma certa instituição onde deu o melhor da sua vida desde a juventude até atingir a tal idade que o/a condena a ser um farrapo humano. Mas, na verdade, a designação certa é: “aposentad(o) a”. Só que os filhos e netos desses que hoje são uma escumalha e que ocupam os lugares deixados por esses (velhos e velhas) atribui-lhes defeitos e práticas feias de bruxa(o) s e feiticeira(o) s. Infelizmente, a nossa sociedade, que tem memória curtíssima, esquece rapidamente de duas grandes inevitáveis verdades: a Primeira, que aqueles velhos e velhas, hoje vistos e considerados como retratos dilacerantes de farrapos humanos, são eles os alicerces do que eles são hoje; a Segunda, que os que hoje se orgulham de ser dono(a) s de tudo, amanhã, estarão exactamente na condição em que se encontram o(a) s desprezada(o) s de hoje. 

Por Kandiyane Wa Matuva Kandiya

nyangatane@gmail.com

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