O revisionismo “trumpiano”, que começou por se centrar em matérias económicas e de meio ambiente induzindo os EUA a saírem do Tratado Norte-Americano de Comércio Livre (NAFTA), tomarem medidas proteccionistas contra os produtos chineses (guerra comercial), saírem do Tratado de Paris sobre as Mudanças Climáticas, tem atingido áreas sensíveis da segurança internacional. O primeiro sinal nessa direcção foi a saída unilateral dos EUA do Acordo Nuclear com o Irão em Maio de 2018. Em Outubro do mesmo ano a Administração Trump fez a primeira promessa de abandonar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio, assinado em 1987, entre os EUA e a URSS (substituída pela Rússia), caso a Rússia continuasse a violá-lo. Mais recentemente, no dia 1 de Fevereiro de 2019, o secretário de Estado Mike Pompeo veio a terreiro anunciar a suspensão do tratado em apreço e acrescentou que se a Rússia não mudasse de rumo, os EUA iriam abandonar o tratado em Julho, seis meses depois da suspensão.
Num olhar atento sobre este dossier constata-se que os EUA têm tratado o assunto, da saída do tratado, com cautela. Por exemplo, quando foi da saída do NAFTA, do Tratado de Paris, do Acordo Nuclear com o Irão, os EUA tomaram a decisão e anunciaram a saída de tais acordos sem dividir a decisão em fases. No caso do pretenso abandono do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio, os EUA primeiro prometeram, a seguir suspenderam e só depois poderão provavelmente abandonar. Este comportamento, de faseamento, é inusitado da parte dos EUA “trumpianos”, o que significa que o plano não é abandonar mas sim dissuadir a Rússia para que esta contenha as suas ambições geoestratégicas.
Texto: Paulo Mateus Wache*
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