“Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas…” ‒ Mt 6:5
Naquele tempo que caminha vertiginosa e irremediavelmente para o afastamento definitivo das nossas mentes e das mentes das gerações que nos sucederão, os hoje tidos como líderes comunitários divididos por escalões nesse ditoso tempo eram tidos e achados como monarcas que, de acordo com a extensão do território e por ordem decrescente, chamavam-se: regedor, régulo, cabo-terras, nganakana e induna, respectivamente, que, comparativamente com hierarquias monárquicas europeias seriam tidos como rei, duque, marquês, conde, visconde e barão, também respectivamente. Nenhum deles podia ser ordenado ou eleito para exercer tais funções fora do território que o viu nascer e crescer. Aliás, não eram votados ou eleitos, mas ordenados de acordo com a linhagem de sucessão. Tinham de ter os pés enraizados na terra. Eles deviam conhecer com muita profundamente os hábitos, os costumes, os mitos e tabus locais, serem conhecidos por toda a população do território por eles governado, da criança ao adulto. Tinham de saber falar fluentemente a língua local, gozar de prestígio e, sobretudo, saber também comunicar-se com os espíritos dos antepassados. Não tinham nenhuma propriedade privada porque todo o território teoricamente pertencia-lhes, além demais, o povo pagava-lhes vassalagem em dinheiro e espécie.
Texto:Kandiyane Wa Matuva Kandiya
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