O ministro dos transportes de Israel, Yisrael Katz, lançou, na semana passada, o “Caminho para a Paz Regional”, uma iniciativa cuja intenção é ligar a Arábia Saudita ao Mar Mediterrâneo, passando por Israel. O anúncio da iniciativa ocorre numa altura em que se nota uma tendência de normalização das relações entre Israel e os seus “inimigos” árabes. No mês passado, o Primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, fez uma visita surpresa a Muscat, onde conheceu o sultão de Oman, Qaboos bin Said – um evento histórico dado que há mais de duas décadas que não ocorria uma visita do género.
A aparente tendência de normalização de relações entre Israel e os seus vizinhos árabes pode ser lida em duas dimensões: primeiro, em relação às motivações do aparente sucesso; segundo, em relação aos seus efeitos sobre o conflito israelo-palestiniano.
Em relação às motivações é importante, primeiro, contextualizar as relações entre Israel e os seus vizinhos árabes. O Estado de Israel foi sempre visto como uma imposição do Ocidente, de tal forma que o seu direito à existência tem sido rejeitado pelos seus vizinhos árabes. Aliás, desde o seu estabelecimento em 1948, o Estado de Israel já travou quatro guerras contra os Estados árabes, para além do longo conflito violento que ainda trava com os palestinianos. A inimizade de Israel e os Estados árabes é tal que tem relações diplomáticas com apenas dois dos seus vizinhos – Egipto e Jordânia. Os outros estão oficialmente ainda em Estado de guerra com Israel. A normalização de relações com Israel, por meio dos Acordos de Camp David de 1978, por exemplo, viria a custar muito caro ao Egipto, pois foi expulso da Liga dos Estados Árabes e até o seu presidente, Anwar Sadat, viria a pagar com a própria vida.