“Então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade” ‒ Salmos 89:32
Ultimamente não passa um único dia que os órgãos de comunicação social não nos obsequeiam com uma notícia sobre um crime de violação sexual, geralmente praticada a menores ou idosas. Tendo em conta que todo o crime sexual é acompanhado do acto depravado, sórdido, repugnante e horrendo porque produz sequelas irreparáveis para as vítimas e os seus familiares, de uma maneira geral, em quase todas as nações do mundo, no passado, os crimes de ordem sexual eram punidos nos parâmetros da célebre “Lei de Talião”, cuja máxima era “olho por olho, dente por dente”. Tais crimes sempre foram combatidos pela sociedade desde os tempos mais remotos, ou seja, o autor sofria castigo igual, parecido ou relacionado ao dano por ele causado. O homem que praticasse determinados actos sexuais considerados imorais ou criminosos podia ser condenado à castração, então conhecida por capação(na minha língua materna conhecida por “Ku Kapara”). Na minha terriola, este processo aplicava-se muito aos animais de engorda (porcos, touros ou carneiros), que se limitavam a comer e engordar sem poder praticar sexo. Nos homens, podia ser concretizada de várias maneiras, contanto que com o castigo o agressor não tivesse mais possibilidade de voltar a delinquir devido a perda total do seu apetite sexual. Numa manhã densa de nevoeiro, na minha aldeola composta de dez famílias (pouco mais que meia centena de pessoas) onde toda a gente se conhecia até mesmo através do vestígio duma simples pegada a população acordou em alvoroço ao aperceber-se que, na grande Mutamba, nossa árvore sagrada de caule grosso e altura de vinte metros, com mais de um século de idade, localizada no centro da aldeola, onde se encontrava pendurado um pedaço de ferro a servir de sino da nossa pequena Capelinha, estava pendurada também com a corda no pescoço, Eda Maheze, mulher do nosso conterrâneo Mário Maheze.
Por Kandiyane Wa Matuva Kandiya
