Ficou conhecido, após segunda volta, a 28 de Outubro de 2018, o novo presidente que irá governar o Brasil entre 2019 e 2023. Contudo, tanto as suas atitudes como o seu discurso geram questionamentos sobre a orientação da Política externa do Brasil durante o seu mandato. Tudo indica que a política externa do Brasil será um mimetismo da política externa dos EUA. Neste momento o mimetismo é visível em três assuntos: (i) o multilateralismo, (ii) as relações económicas com a China e (iii) a questão palestiniana.
Em relação ao multilateralismo, Bolsonaro deixou muitas dúvidas sobre o seu claro posicionamento quanto ao Acordo de Paris sobre as Mudanças Climáticas. Realçou que a permanência do Brasil no Acordo dependeria do abandono do ‘Triplo A’ um Projecto ecológico transnacional dos Andes ao Oceano Atlântico que atravessa a Amazónia e prevê a criação de uma vasta zona de proteção ambiental, ligando parques naturais, reservas indígenas e áreas de biodiversidade natural. Esta resistência ao multilateralismo toma corpo com a aposta de Bolsonaro nas relações bilaterais.
Na realidade a perspectiva bilateralista, enquanto rejeição ao multilateralismo, poderá fragilizar o MERCOSUL enquanto Organização, pois Bolsonaro terá de escolher alguns estados para aprofundar as relações bilaterais em detrimento de outros. A nível regional a Argentina e o Chile parecem ser os escolhidos. A Nível Global, os EUA, Japão e a Itália estão entre as prioridades da política externa de Bolsonaro. Esta abordagem anti-multilateral é, sem dúvidas, uma mimese da política externa de Trump que em Junho de 2017 abandonou o Acordo de Paris (Acordo Multilateral) e renegociou o NAFTA (Acordo Multilateral) com o México (Acordo Bilateral) e Mais tarde com o Canadá (Acordo Bilateral), transformando, assim, um acordo Multilateral em Bilateral.