O analista político brasileiro Wagner Romão considera que a ascensão do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro nas presidenciais do Brasil, que hoje conta com 35% das intenções de voto, não vai impedir uma segunda volta.
“Acho muito difícil, colocaria 80% das chances de que haverá segunda volta. Se houver segunda volta, ela deve ser disputada pelo candidato Jairo Bolsonaro e Fernando Haddad”, afirmou.
Membro do Observatório Eleitoral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o especialista apontou que as pesquisas atestam uma certa estabilidade nesta altura da campanha.
“Bolsonaro cresceu nestes últimos dias, mas a tendência é que na primeira volta o resultado fique 30% para Bolsonaro e 20% para Haddad”, disse.
“O que está acontecendo é uma campanha muito forte nas listas de WhatsApp para que haja uma transferência de votos daqueles que escolheriam Geraldo Alckmin, Marina Silva ou mesmo Ciro Gomes para Bolsonaro”, explicou.
Sobre as hipóteses de outros candidatos quebrarem a polarização entre Bolsonaro e Haddad, o analista do Observatório Eleitoral da Unicamp tem muitas dúvidas.
“O campo em torno do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) deslocou-se de Alckmin para a candidatura de Bolsonaro, inclusive sectores importantes do partido já estão fazendo campanha para Bolsonaro”, enquanto “o lado de Ciro Gomes, percebo que ele não conseguiu se colocar com uma alternativa ao Partido dos Trabalhadores (PT)”, explicou.
A polarização entre a esquerda e a direita tem sido uma característica marcante das eleições presidenciais no Brasil, no entanto, nesta corrida os temas mais debatidos estão ligados aos costumes e não a questões tradicionais da política.