A hospitalidade que é reconhecida ao povo moçambicano em acolher no seu solo pátrio cidadãos dos quatro cantos do mundo não é de agora. Houve tempos em que se chamou Solidariedade Internacional, e assim aceitámos receber zimbabwianos e sul-africanos (perseguidos pelos respectivos regimes racistas), mauberes (pelo regime do General Suharto, da Indonésia), chilenos (fugindo de Pinochet), nicaraguenses (em fuga de Anastácio Somoza), entre outros.
Pensávamos que as independências e/ou a mudança de regimes pudessem terminar com o êxodo em direcção ao nosso país. Estávamos, afinal, enganados. Sempre haveria quem não se sentisse bem no seu país e encontrasse em Moçambique o lugar de folegar. Um país e um povo que não têm mãos a medir quando o que está em jogo é o acolhimento de quem, por motivos principalmente humanitários, procura estar longe da razão que lhe move a sair do seu país.
Ultimamente, com as crises dos Grandes Lagos, do Corno D´África (e não só), voltamos a receber irmãos, desta feita só africanos. Ficou claro que ao nosso espírito solidário se soma a posição geoestratégica do nosso país. Está visto que alguns pretendem passar para outras nações, mas Moçambique acaba sendo onde se sentem bem.