A última morada respeitosamente preparada para o descanso eterno de quem já não faz parte do mundo dos vivos deixou de ser um campo-santo. O cemitério de Lhanguene, província de Maputo, é exemplo disso. Grupos de indivíduos fora-da-lei protagonizam cenas de terror, no interior e na parte exterior daquele lugar sagrado, atacando as suas vítimas, preferencialmente mulheres, para as despojar dos seus bens materiais.
E as insolências não param por aqui. Alguns testemunhos colhidos pelo jornal domingo referem que o cemitério é também palco de jogos de azar. Ali joga-se batota à grande.
Com efeito, o que se nota é a ocorrência de graves atropelos à moral e ao funcionamento normal de uma sociedade. Contudo, por enquanto, nada e nem ninguém consegue travar tamanha perversidade para repor a ordem e devolver o “descanso em paz” dos seres ali sepultados.
De acordo com depoimentos de cidadãos que ali passam o dia desenvolvendo actividades comerciais, os protagonistas destas desonras são jovens drogados e alcoolizados, que, sem nenhum remorso, assumiram perante o domingo o consumo de substâncias proibidas, usando o argumento segundo o qual circular naquele espaço obriga a que não se esteja no estado normal.
Texto de Carol Banze