O discurso do Presidente francês, Emmanuel Macron, no dia 27 de Agosto, por ocasião da reunião anual dos embaixadores franceses, despertou atenção da comunidade internacional pela sua frontalidade acompanhada de uma doze de autoridade gaulista.
Duas mensagens soaram o alarme no mundo diplomático ocidental. A primeira, consistente, foi direccionada a Londres nos seguintes termos: “A França quer manter um relacionamento forte e especial com Londres, mas não se o preço for o desmantelamento da União Europeia”. A segunda mensagem, inconsistente, foi dirigida a Washington nos seguintes termos: “A segurança da Europa não pode depender apenas dos Estados Unidos, nós devemos garantir a segurança europeia”.
As duas mensagens estão intimamente ligadas por dois conceitos, nomeadamente “relações espaciais transatlânticas” e “L’Europe Puissance”. As relações especiais transatlânticas unem Londres e Washington como parceiros especiais porque ambos banhados pelo Atlântico precisam de cooperar para garantirem a segurança dos seus territórios. Esta cooperação tem deixado, desde o fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa continental no segundo plano. A primeira reacção a esta parceria que secundariza a Europa continental foi dada por Charles de Gaule, então presidente da França, na década de 1950, quando criou a Comunidade Económica Europeia (CEE) sem a Grã-Bretanha e sistematicamente rejeitou a sua entrada na década de 1960. O ponto mais alto deu-se em 1966 quando a França deixou a Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos da América.