Investir em grandes indústrias na província do Niassa sempre foi um bico-de-obra. As estradas nunca permitiram uma circulação cómoda e a energia eléctrica nunca teve qualidade para alguém se orgulhar dela. Porém, esses tempos lá se vão. A Electricidade de Moçambique (EDM) está a investir 18 milhões de dólares na construção de uma linha de alta tensão e de uma subestação de raiz capaz de aguentar com toda a carga que agora se consome em todos os distritos desta província.
O fornecimento de energia eléctrica ao Niassa é presentemente feito através de uma rede de transmissão de média tensão de 33 kilovolt (kV) e com uma extensão que chega a atingir os 442 quilómetros (km), sendo que a ligação mais longa vai do distrito de Cuamba, no Sul da província, a Mecula, no extremo Norte.
Para se ter uma ideia mais precisa, linhas de média tensão são aquelas que partem das subestações e vão dar aos postos de transformação que todos conhecemos e de onde partem as linhas de baixa tensão que nos trazem a corrente eléctrica à porta de casa. Geralmente são linhas que podem alimentar algumas indústrias de pequeno e médio porte. É este o tipo de infra-estrutura que Niassa tem até agora.
À excepção do distrito de Metarica que dista a 75 km de Cuamba, onde está instalada a subestação que serve de porta de entrada da corrente eléctrica da Rede Nacional de Energia a esta província, os restantes distritos ficam a mais de 100 km. Maúa, por exemplo, está a cerca de 150 km, Nipepe fica a 230, para Marrupa são 300 e para Mecula 442 km.Há que ter presente que esta linha vai derivando para aqui e para ali, e só por este facto faz com que a corrente eléctrica chegue aos consumidores sem qualidade e, quando há uma perturbação na origem ou em qualquer ponto, quase todos, ou mesmo todos, ficam às escuras.
Aliás, foi nessa sequência que a EDM investiu na instalação de reguladores de tensão um pouco por todos os locais por onde as actuais linhas de média tensão passam com o objectivo de oferecer um mínimo de fiabilidade. Porém, todos sabem que aqueles reguladores não fazem milagres quando há demasiado calor, ventania ou um curto-circuito.
Texto de Jorge Rungo