A Electricidade de Moçambique (EDM) anunciou o ajustamento de tarifas de energia eléctrica e sustenta a pertinência desta medida com a justificativa de que está sem fundos para fazer face aos crescentes custos associados à aquisição de equipamentos, manutenção e funcionamento da empresa.
Trata-se de uma decisão que peca por tardia, uma vez que há anos que se justificava uma revisão tarifária e medidas mais audaciosas na gestão que se viu a braços com o dever de expandir os seus limites de abrangência recorrendo a fundos próprios e, muitas vezes de terceiros mas, mantendo a mesma base de colecta de receitas.
Dados contabilísticos da EDM mostram que, do seu encaixe financeiro mensal, 77 por cento são canalizados para a amortização das facturas de fornecimento de energia pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), amortizar as dívidas contraídas para a comparticipação na construção das centrais eléctricas a gás que operam no país e ainda pela aquisição de corrente eléctrica na África do Sul e dentro do país para minimizar os efeitos das horas de ponta.
Os 23 por cento remanescentes são usados para pagar salários e assegurar o funcionamento dos equipamentos espalhados pelo país, desde centrais de produção, linhas de transporte e de distribuição, subestações, entre outros, muitos dos quais com mais de 30 anos de uso cada vez mais intensivo tendo em, conta o crescimento do número de consumidores e do parque comercial e industrial que o país observa.
Dizíamos que o ajustamento impunha-se há anos porque de 2007 até ao ano passado, praticamente não se procedeu a nenhum ajustamento tarifário, quando, na contramão eram realizados avultados investimentos na expansão da rede eléctrica para várias sedes distritais, postos administrativos, localidades e povoados.
Para a infelicidade dos gestores da EDM, logo a seguir veio a crise financeira que desvalorizou o Metical e gerou um impacto negativo de 141 milhões de dólares americanos e fez com que a tarifa média que está a ser aplicada hoje por cada quilowatt (kW) equivalesse a 7,5 cêntimo do dólar (Usc), nível que se compara ao de 2003.